Planejamento para não planejadores

Quando ofereci o BMC como alternativa provisória ao plano de negócios, deixei claro que planejamento é fundamental.

Melhor ainda quando ele é feito por um consultor experiente.

Ofereci essa alternativa porque sei que por mais que seus desejos de se tornar bem-sucedido, um obstáculo epidêmico no mercado é a procrastinação.

Meus últimos artigos têm tratado dos limites frágeis entre sucesso, momentos de derrota, e o tipo de planejamento ideal para cada fase da vida (e dos negócios) para evitar que você se torne uma vítima das condições.

Diferente do que muita gente imagina, a procrastinação tem mais a ver com perfeccionismo (o desejo genuíno de fazer as coisas direito) do que com preguiça (o desejo de não fazer nada).

Trouxe pontos de reflexão no artigo de hoje para tirar o perfeccionismo do seu caminho e te dar aquele empurrãozinho para tomar iniciativa.

Afinal, como disse Sheryl Sandberg:

“Um projeto feito é sempre melhor do que perfeito”.

Por que planejamento é fundamental

Nessa altura do campeonato (especialmente se você tem acompanhado meus textos), você sabe que sem planejamento, uma pessoa ou empresa não tem visão, não tem missão, e não tem direção para crescer.

Sem estratégia, iniciativas contam com a sorte ou com a “intuição” de quem as pratica, e não leva em consideração um elemento importante do sucesso: a nutrição de uma cultura.

Ainda mais importante quando parceiros e funcionários estão envolvidos nos processos de realização da missão de um negócio, é a cultura que cria um contexto em comum por qual os esforços de diferentes partes somam para um resultado único: a lucratividade.

Sim, lucratividade!

Por mais que a missão do negócio seja impactar positivamente a vida dos consumidores, o objetivo do planejamento é criar um ambiente onde o lucro verdadeiro se torna uma consequência do trabalho.

Assim fica óbvio que sem planejamento, ainda haverá chance de lucro real, mas esse lucro será determinado por fatores externos, fora do controle da sua diligência (ou da diligência dos seus parceiros).

Diligência, se você não sabe, é aquela sensação de que nossas atitudes têm peso na criação de um presente e futuro na direção do que visualizamos.

Planejamento não é difícil

O problema para muitos empreendedores é que o planejamento é uma peça tão chave na construção de um império, que a tarefa parece bem maior do que realmente é.

Não me entenda mal — planejar um negócio do zero (especialmente sem os serviços de um bom consultor) é mesmo uma tarefa complexa porque:

  • É preciso descrever conceitos com objetividade;
  • É preciso entender um bocado de finanças;
  • É preciso ter um pé no marketing para capturar o cenário do mercado;
  • E é preciso escrever, literalmente, tudo que só existe na sua cabeça (e nos dados técnicos agregados).

Só que “complexo” e “difícil” são coisas diferentes.

A complexidade denota uma junção de pequenos processos que levam tempo para serem agregados (por mais que os dados agregados sejam fáceis de reunir).

Já a dificuldade descreve uma barreira: um impedimento para que você chegue onde quer chegar.

Em vez de enxergar o planejamento do seu negócio como algo difícil, quero te convidar a pensar nessa organização de um jeito diferente:

  • Planejamento é complexo, mas não é difícil.

Qualquer planejamento é melhor que planejamento nenhum — assim como o feito é melhor do que o perfeito não feito!

Se você tem dificuldade para começar o planejamento do seu negócio, dê uma olhada no meu mini guia para escrever um Business Model Canvas (o tal do BMC) e use o conceito como base para inventar seu próprio jeito de planejar.

Comece pequeno!

Você não precisa escrever 40 páginas no plano de negócios até o meio-dia de hoje.

Isso não é tarefa de faculdade. Isso não é obrigação (a não ser que você esteja caçando financiamento).

Esse planejamento é a base sobre onde você apoiará as próximas decisões que levarão o seu negócio exatamente onde precisa chegar, mas sem desperdiçar recursos no caminho.

E por recursos, tempo e dinheiro são dois dos bens mais valiosos. A diferença entre eles é que dinheiro se faz.

O tempo, não.

Para evitar esse desperdício (que pode ser fatal se continuar vazando pelos seus dedos nos próximos anos) abra um documento de texto em branco e salve em uma pasta do seu computador ou celular que seja fácil de acessar.

Nessa página, responda 3 perguntas:

  1. Qual é seu produto ou serviço, e por que ele é único?
  2. Quem é, e por onde anda, o tipo de pessoa perfeita para o produto?
  3. Qual seria o jeito ideal de fazer a ponte entre seu produto e essa pessoa perfeita, investindo o menor número de recursos possível?

Escreva o quanto você achar necessário para responder essas perguntas. Depois leia o que você escreveu e tente simplificar ainda mais suas frases.

Esse documento é a semente que germinará outros documentos-chave, seja o BMC (caso você lidere uma startup ou empresas menores) ou um plano de negócios em si (preferencialmente com ajuda do consultor).

Deixe o planejamento se apresentar sozinho

Marque na sua agenda uma data para revisar o que você escreveu.

Tente não se alongar mais do que duas semanas após seu primeiro rascunho, caso contrário as suas chances de abandonar até essa pequena estratégia aumentarão exponencialmente.

Não conte com sua motivação.

Como eu disse lá no artigo sobre diligência, essa não é uma boa ideia — e você precisará de mais do que motivação para sobreviver aos períodos complicados do seu negócio.

Uma vez com o documento aberto, responda às seguintes perguntas:

  1. Qual é o estado atual do meu negócio?
  2. Qual seria o estado ideal para meu negócio até o próximo ano, nesse mesmo dia?
  3. Como eu poderia mover meu negócio do estado atual para o estado ideal?
  4. Quais recursos eu tenho, e como posso usá-los para mover o estado do meu negócio?
  5. Quais recursos faltam que precisarei conquistar ou delegar para mudar o estado do meu negócio?

Respondendo essas perguntas, você basicamente deixa o planejamento se apresentar para você.

O que te sobra é escrever as respostas, guardá-las em um local acessível, e usá-las toda vez que precisar tomar uma decisão em relação ao seu negócio.

Dos menores gastos com materiais de escritório às decisões de sociedade e parceria, um documento simples como esse servirá não só para você se livrar das métricas de vaidade, como também guiará a ação dos seus parceiros e funcionários.

Dessa forma, você garante que sua equipe e você (principalmente) invistam recursos apenas nas escolhas que moverão o negócio para a frente.

Todo o resto ficará fácil de identificar como distração.

Peça conselhos

E se depois de todas essas dicas você estiver certo de que planejamento não é algo que você quer fazer, delegue: contrate um consultor ou peça ajuda a um empreendedor experiente!

No LinkedIn tem um milhão de profissionais capazes de ajudar você com essa tarefa — eu sou um deles!

Seja qual for sua decisão, lembre-se: antes feito do que perfeito.

É uma daquelas máximas que realmente nos devolvem a perspectiva e empurram a procrastinação pela janela.

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