Como encontrar motivação para vencer depois da derrota

Comentei no artigo anterior que a hora certa para se reinventar (seja na vida ou nos negócios) é agora — em vez de esperar uma crise surgir feito um incêndio debaixo dos seus pés.

Mas entendo que mudar é difícil, especialmente quando a mudança é imposta pela necessidade de se reerguer após uma derrota.

Hoje eu me sinto uma pessoa extremamente bem-sucedida, seja nos negócios ou na vida pessoal, graças à uma família incrível e à oportunidade de fazer pelos meus clientes algo que eu sempre fiz no meu dia a dia:

Ajudar pessoas a mudar!

Tive que fazer uma longa Peregrinação no Caminho de Santiago para reinventar os meus porquês quando me senti perdido — afinal, se tornar pai/mãe dá um medo na gente!

Você não precisa fazer o mesmo porque tentei compactar nesse artigo tudo que aprendi nessas décadas de vitórias, derrotas, transformações e medos.

Se você está no chão, espero te levantar.

Não conte com a motivação

Comece jogando fora tudo que não serve, mas não conte com a motivação para começar esse processo.

Na verdade, não conte com a motivação para nada!

Pode parecer contraintuitivo, mas a motivação cria uma fraqueza na gente: só conseguimos agir quando estamos a fim.

Isso nos torna dependentes da motivação assim como muita gente se torna dependente de drogas: é a descarga dopaminérgica que se torna o combustível que te move para frente, não os objetivos em si.

Por isso mesmo, a solução não é esperar pela motivação. Muito menos se forçar a cumprir suas obrigações.

É claro que se você tem obrigações sérias (como cuidar da família), dispensá-las não é aconselhável.

Admiti-las (e talvez pedir ajuda para lidar com elas) é o modo mais saudável de dar o primeiro passo na direção de uma recuperação.

Só que uma solução ainda melhor é tentar planejar objetivos em vez de tarefas, focando nos elementos da sua vida e trabalho que você considera mais agradáveis, e então trabalhar neles primeiro.

Muita gente faz isso limpando a casa. Outros preferem se trancar no escritório por horas para revisar e organizar todos os planejamentos de uma vez, dando ordem à bagunça para trazer clareza de volta à realidade.

Para quem olha de fora (ou talvez para o seu crítico interior), pode parecer que você está procrastinando com ações de baixo impacto imediato. Mas elas têm um enorme peso no panorama amplo porque te devolvem o senso de agência.

Conhecido como diligência, esse sentimento de que você tem o mínimo de controle sobre algumas coisas, geralmente ecoa para outras partes da sua vida — e quase sempre começa pelas menores atitudes.

Dependendo do caso, até levantar da cama e tomar um banho pode devolver a noção de que você é a única pessoa no mundo capaz de fazer o que você faz.

Por um lado, enxergar sua existência por essa perspectiva é assustador: sempre haverá mais responsabilidades do que você pode realizar.

Por outro lado, saber que só você pode fazer o que você faz pode despertar a consideração de que você faz parte de um ecossistema muito maior: ele envolve seu bairro, sua cidade, seu país, e toda a natureza ao seu redor.

Não quero soar como um monge, mas a realidade é que: por mais que as inovações sejam fenômenos efêmeros, elas sempre serão fenômenos causados por alguém.

Se você está lendo esse texto, você sabe que parte de você jamais ficará tranquila enquanto você não for o responsável por mais uma inovação.

Tudo que você precisa fazer é aceitar que você lamenta não estar onde gostaria, mas começar a agir pelas tangentes, nos pequenos detalhes acionáveis, para notar outra vez que inovar só é possível porque você tem um enorme pepino nas mãos para cortar.

É nas crises que você tem a oportunidade de ser um gênio, então aproveite que não tem como ir mais fundo do que o fundo do poço, pegue impulso, e aí salte na direção da luz.

Repita essa tentativa quantas vezes forem necessárias.

Sustente seu progresso (mesmo que imperfeito)

Você notará que ao tentar sair do poço agindo nas pequenas coisas (que, ao serem concluídas, te devolvem o mínimo de interesse) você criará certo progresso.

Em alguns dias, você agirá mais. Em outros, menos.

Mas sua vontade de tentar, mesmo quando sua motivação está ausente, criará coerência na observação entre o que suas ações podem fazer e os resultados que elas trazem.

Seja qual for o progresso, ele é bem-vindo (mesmo com falhas aqui e ali).

Talvez você precise começar uma nova empresa do zero. Mas será do zero mesmo? E sua experiência acumulada? E os contatos que você fez? As vitórias e derrotas do passado não te ensinaram nada?

Mais uma vez, pode não parecer, mas isso é progresso: você estava no ponto “A” ontem. Hoje você está no “B”. Talvez você queira volta para o “A” ou encontrar um jeito de chegar ao “C” amanhã.

Seja qual for seu desejo ou necessidade, abocanhe apenas o que você pode mastigar, só para devolver a sensação de que você pode realizar alguma coisa (qualquer coisa).

Peça ajuda (ou melhor: ajude os outros)

Você não é um robô: sua energia e seu tempo são finitos.

A boa notícia é que energia você recupera com uma boa refeição e boas noites de sono. Mas o tempo? Uma vez que ele acaba, ele acaba.

Por saber como o tempo é precioso, peça ajuda.

Não para poupar um tempo que você poderia estar dedicando a outros projetos — não! Desacelere!

Você deve pedir ajuda para aliviar suas responsabilidades, não criar mais delas.

É muito difícil admitir a derrota.

É vergonhoso se enxergar como um fracasso e querer coisas que no momento parecem absolutamente fora de cogitação.

Mas se você tiver a coragem de pedir uma mãozinha, você verá que receber suporte faz toda diferença no processo de respirar fundo, tomar impulso e saltar para fora do poço.

Se ainda assim você sentir resistência para pedir socorro, assuma seu orgulho e ofereça ajuda para outras pessoas.

Não precisa ser na sua área de atuação: qualquer tipo de ajuda, de participação consciente que manipule o destino de outras pessoas para melhor, servirá como um exercício de recuperação da sua diligência.

Ao ajudar outras pessoas, você não só influencia diretamente no destino de outros seres vivos, como também nota problemas que não enxergava antes — algo que pode te levar à realização de que você tem tudo o que precisa para chegar seja lá aonde quiser chegar.

Não se chute quando já está caído

Não significa que a desgraça dos outros te fará feliz, muito menos que você tem a obrigação de se sentir satisfeito só porque tem acesso às carnes de primeira enquanto outras pessoas mal têm o que comer.

O objetivo não é obrigar você a nada, muito menos se bater quando você já está caído.

A missão é ressignificar seu valor através de ações práticas que, se capazes de manipular a existência de outras vidas, nada impede de se tornarem capazes de manipular a sua existência também.

Assim como você já fez milhares e milhares de outras vezes no passado.

Descanse. Respire. Repense. Aja. Ajude. Peça ajuda.

O mantra do sucesso é a resiliência — e resiliência tem muito mais a ver com a qualidade da sua recuperação, do que com a sua capacidade de tomar porrada antes de desmaiar.

Precisando daquele conselho especial, pode me mandar uma mensagem.

Hoje eu sei que ajudando você, eu me torno o homem que sempre sonhei em ser (especialmente quando a derrota pareceu roubar o melhor de mim).

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